As
labaredas ganhavam o céu, um misto de amarelo e vermelho se destacava no azul
marinho, eu via das grandes janelas do campus o fogo se alastrando. Corria
atônita pelos corredores me batendo em diversos corpos que como o meu,
tentavam encontrar uma rota de fuga. Meus gritos ecoavam a cada passo que eu
dava e bem devagar senti minhas pernas fraquejarem, foi quando exausta
encostei-me numa parede para não ser pisoteada pelo fluxo enlouquecido de
alunos. Meu choro rasgou a garganta e as lágrimas escorreram pelo meu rosto
quente. Eu tinha medo. Muito medo.
Eu não encontrava forças para sair dalí, estava esgotada da luta minutos atrás,
bem antes de tudo isso aqui começar a pegar fogo. Rajadas de sangue e hematomas
vermelho-arroxeado nas minhas mãos denunciavam o ataque. Uma nuvem de fumaça
embaçou meus olhos e pouco a pouco ela foi se dissipando e revelando aquele
rosto que eu repugnava. Era ele de novo, ali, se aproximando de mim mais uma
vez. Com certeza agora era meu fim...
E então mãos grossas agarram meu ombro e uma voz me pediu calma.
Eu estava em minha cama, no meu quarto com Jack me analisando. Suas mãos foram
parar na minha testa. Eu suava e ardia em febre:
- Calma, foi só mais um pesadelo. Vai ficar tudo bem ta? Vou pegar água pra
você.
Ele se levantou e sumiu.
Olhei em volta, tudo estava no lugar. Levantei da cama e abri a cortina, da
janela eu via a iluminação noturna e nada de incêndio.
Mas as manchas vermelho-arroxeadas estavam ali. Teria sido mesmo só um sonho?
Marina G. de Andrade
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