Por: Marina G.de Andrade
As luzes se apagaram e surgia o choro de uma garotinha que não podia ficar no escuro sozinha. Tinha medo do bicho papão debaixo da cama, temia que aquele monstro dos seus pesadelos saísse do seu guarda -roupa rosa e adentrassem na escuridão para assustar a criança indefesa. Cobria-se até a cabeça com o cobertor colorido - mesmo que isso a sufocasse- para se proteger e afugentar todo aquele mau, fruto de sua imaginação. Aí ela cresce, descobre que o bicho papão nunca esteve embaixo de sua cama, ou dentro de seu guarda- roupa, porém não gostava do escuro mesmo assim .
Depois do episódio com os monstrinhos, percebe que a altura a assustava demais, seus pensamentos mostravam imagens terríveis de quedas sem nenhuma salvação. Um verdadeiro pânico. Pronto, nada de ficar próximo da janela 25º andar do apartamento de seus primos! Na sua cabeça uma voz ecoava “Não olha pra baixo"
Aos poucos os medos passam de coisas de criancinhas indefesas, para adolescentes complicadas. Não era o bicho papão e a bruxa do 71 que a assustava, embora a altura ainda a incomodasse...
São medos complexos.
Medo da distancia, da saudade machucar ao ponto de fazer sofrer. Medo de tomar aquela decisão errada, aquela, que pode afetar completamente o rumo da vida. De estar sozinha, de não ter aquele ombro amigo, aquele conselho, aquele abraço. Ou então medo da perda, de alguém querido, de um momento que não tem “Bis”. Medo de não alcançar aquele sonho, da derrota, da mudança, do novo, do futuro.
E quando eu descubro que sou feita de medos, encontro em mim fortalezas.
Amigos, família e amor.
E quando estou nestes braços, os medos tem de esperar.
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